_Padronização salarial no Congresso cria uma elite deslocada, agravando o abismo entre representantes e representados nos estados mais pobres_
Um *deputado federal eleito pelo Maranhão* recebe *R$ 44 mil* mensais — o mesmo valor pago a parlamentares de todos os outros estados. Mas, quando comparado à _renda domiciliar per capita da população maranhense_, de pouco mais de *R$ 1 mil*, o resultado é um *Índice de Disparidade Salarial (IDS) de 40,9* — um dos mais altos do país. No Distrito Federal, por exemplo, o IDS dos deputados federais é de 12,8.
_“O Congresso Nacional adota uma lógica salarial padronizada que ignora as desigualdades regionais profundas do Brasil. Um mesmo salário representa mundos diferentes em cada estado — e esse descolamento impacta diretamente a capacidade de representação e formulação de políticas públicas”_, afirma *Magno Karl, cientista político e diretor executivo do Livres.*
*Desigualdade federativa disfarçada de isonomia*
A _remuneração de *deputados federais, governadores, senadores e do presidente da República*_ segue uma lógica uniforme, mas o custo de vida, a infraestrutura social e os *indicadores econômicos* dos estados brasileiros variam drasticamente. Na prática, isso significa que _um deputado do Maranhão está inserido em um estado onde sua renda é mais de 40 vezes superior à da média da população que representa_, enquanto em estados como São Paulo ou Paraná essa relação gira em torno de 16 a 18 vezes.
Essa assimetria contribui para o agravamento da *crise de representatividade* e aprofunda o sentimento de distanciamento entre a população e seus representantes. _“A democracia representativa perde força quando quem legisla vive em uma bolha de privilégios, alheio à realidade econômica da população. A falta de modulação regional na definição de salários reforça o abismo institucional”_, completa Karl.
*Efeito bolha e cascateamento de privilégios*
Conforme o diretor do Livres, um dos maiores problemas do modelo atual é o chamado *“efeito bolha”*, em que autoridades passam a se comparar apenas entre si — *juízes com ministros, parlamentares com executivos públicos* — e não com a *população que representam ou servem*. _“É uma lógica de autorreferência que alimenta distorções. A mentalidade mostra como parte das elites do serviço público perdeu o contato com a realidade da maioria dos brasileiros”_, critica Karl.
O raciocínio, além de reforçar o *isolamento institucional*, também provoca um *cascateamento de salários em todas as esferas*: _o aumento de um teto federal gera pressões automáticas por reajustes em tribunais estaduais, assembleias legislativas e outros cargos de alto escalão._
_”O problema se retroalimenta. Autoridades comparam seus vencimentos com os pares mais bem remunerados, e não com a sociedade. Isso perpetua desigualdades, distorce prioridades orçamentárias e descredibiliza as instituições perante os cidadãos.”_
Para Karl, propostas que preveem *indexação automática* de salários públicos — vinculando reajustes a cargos do topo da estrutura — apenas *institucionalizam essa lógica desigual*. _“É preciso romper com esse modelo, estabelecer critérios transparentes e considerar a realidade federativa do país. Caso contrário, seguiremos ampliando o abismo entre governantes e governados”._
*O que é o IDS?*
O _Índice de Disparidade Salarial_ mede quantas vezes a remuneração de autoridades públicas supera a renda média da população que representam. O estudo cruzou dados da *PNAD Contínua (IBGE 2023)* com os salários brutos de prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais, governadores, juízes e ministros do STF.
A metodologia foi aplicada a todos os estados brasileiros e inclui também uma comparação com *17 países democráticos.* O resultado revela que o Brasil está entre os países com *maior disparidade salarial institucional do mundo.*
*Propostas do Livres para enfrentar a desigualdade institucional*
Diante da disparidade federativa identificada, o estudo defende a criação de um *teto salarial proporcional à renda local*, especialmente para cargos eletivos e autoridades estaduais. O Livres propõe ainda:
– Criação de *conselhos independentes* para definir remunerações públicas
– Fim da *indexação automática* entre poderes e esferas
– Adoção do _IDS_ como *indicador oficial de justiça institucional*
_“É possível ter um sistema de remuneração justo, eficiente e transparente. Mas, para isso, é preciso coragem política para enfrentar distorções históricas e proteger o interesse público”_, conclui Karl.
*Sobre o Livres*
O Livres é uma associação civil que promove soluções liberais para o Brasil, atuando em três eixos: curadoria de políticas públicas, qualificação de lideranças e participação no debate público.
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